Capitulo dois

by - março 13, 2020


Quando Danika apareceu no salão da galeria, Bryce já havia sofrido uma repreensão levemente ameaçadora de Jesiba por sua inaptidão, Um E-mail de um cliente altamente exigente, exigindo que Bryce agilizasse a papelada de um artefato antigo a qual ela tinha comprado e desejava mostrar aos seus amigos igualmente exigentes em uma festa na Segunda-Feira, E duas outras mensagens dos membros da matilha de Danika perguntando se sua Alpha estava prestes a matar alguém por causa da libertação de Briggs.

Nathalie, A terceira de Danika, foi direto ao ponto: Ela já perdeu toda a sua merda sobre Briggs, ou ainda não?

Connor Holstrom, O segundo de Danika, tomou um pouco mais de cuidado com oque ele enviou para o Éter, Já que sempre havia uma chance de perder seu posto. Você já falou com Danika? Foi tudo o que ele perguntou.

Bryce estava escrevendo de volta para Connor ...Sim. Está tudo certo –– Quando um lobo cinzento do tamanho de um pequeno cavalo fechou a porta dos arquivos de ferro com uma pata, garras clicando sob o metal.

–– Você sempre odiou tanto minhas roupas? –– Bryce perguntou, levantando-se da cadeira.

Apenas os olhos caramelo de Danika permaneciam os mesmos quando ela estava daquela forma e era apenas aqueles olhos que suavizavam a pura ameaça e graça que o lobo irradiava a cada passo em direção a mesa.

–– Eu os coloquei de volta, não se preocupe. –– Presas longas e afiadas brilhavam a cada palavra. Danika levantou os ouvidos felpudos, vendo o computador que havia sido desligado e a bolsa que Bryce colocara sobre a mesa. –– Você está saindo sem mim?

–– Eu tenho que fazer algumas investigações para Jesiba –– Bryce pega o anel de chaves que um dia abriram portas em várias partes da sua vida e continua –– Ela está me perseguindo para encontrar o Chifre da Luna novamente. Como se eu não estivesse tentando encontra-lo sem parar nas últimas semanas.

Danika olhou para uma das câmeras invisíveis no Salão da Galeria, montada atrás de uma estátua decapitada de um Fauno dançando que remonta a idade de dez mil anos.

Seu rabo espesso balançou –– Por que ela quer isso?

Bryce deu de ombros –– Eu não tive coragem para perguntar

Danika caminhou até a porta da frente, tomando cuidado para não deixar que suas garras tirassem nenhum único fio do tapete. –– Duvido que ela devolva ao templo sem que haja um retorno pela bondade do seu coração.

–– Tenho a sensação que Jesiba aproveitaria o retorno de qualquer forma. –– Bryce disse. Elas andavam a passos largos na rua tranquila à uma quadra de Istros, o sol do meio dia assando os paralelepípedos enquanto Danika era uma solida parede de pelos e músculos entre Bryce e o meio fio.

O roubo do Chifre sagrado durante uma queda de energia havia sido a maior notícia do desastre: Saqueadores usaram a capa da escuridão para invadir o templo de Luna e roubar a antiga relíquia feérica de seu lugar de descanso: No topo do colo da divindade maciça e entronizada, fazendo com que o próprio Arcanjo Miquéias oferecesse uma grande recompensa por quaisquer informações do seu retorno e prometesse que o bastardo sacrílego que havia roubado, seria levado a justiça.

Justiça também conhecida como crucificação pública.

Bryce sempre fez questão de não chegar perto da praça da CDB, onde os crucificados geralmente eram mantidos. Em certos dias, dependendo do vento e do calor, o cheiro de sangue e carne podre poderia ser sentidos a blocos de distância.

Bryce deu um passo ao lado de Danika enquanto a loba maciça examinava a rua, suas narinas cheirando qualquer indício de ameaça. Bryce, como meia Feérica poderia cheirar as pessoas com mais detalhes que um ser humano médio –– Ela havia divertido seus pais infinitamente quando criança, descrevendo os aromas de todos na sua antiga pequena cidade na montanha em Nidários, lugar onde os humanos não possuíam nenhuma maneira de interpretar o mundo. –– mas suas habilidades não eram nada comparadas as da sua amiga.

Enquanto Danika cheirava a rua, seu rabo balançou uma vez –– E não era de felicidade.

–– Relaxa –– Disse Bryce, conhecendo sua amiga. –– Você irá defender os chefes, então eles vão entender.

As orelhas de Danika se achataram –– Está tudo fodido, B. Tudo isso.

Bryce franziu a testa. –– Você realmente está me dizendo que qualquer um dos Chefes irá querer um rebelde como Briggs? Eles vão encontrar um pouco de tecnicismo e jogarão a bunda dele de volta na prisão. –– Ela acrescentou, porque Danika não a olhava.

–– Não há como o 33º não estar monitorando cada respiração dele. Só precisará que o Briggs pisque errado e ele verá toda a dor que os anjos podem chover sobre todos nós. Hel, O governador pode até enviar a Umbra Mortis atrás dele. –– O assassino pessoal de Micah, com um raro presente de um raio em suas veias, ele poderia eliminar quase qualquer ameaça.

Danika rosnou, dentes brilhando –– Eu posso lidar com Briggs.

–– Eu sei que você pode. Todo mundo sabe que você pode Danika.

Danika examinou a rua à frente, olhando além de um pôster dos seis Asteri entronizado pregado em uma parede –– Com um trono vazio para honrar a sua irmã caída –– e soltou um suspiro.

Ela sempre teve o dever e a expectativa para suportar oque Bryce nunca teria que suportar, e Bryce estava agradecida como Hel por esse privilégio. Quando Bryce estragou tudo, Jesiba lhe repreendeu por alguns minutos e foi isso. Mas quando Danika estragou tudo, ela foi alvo de noticias através da interweb.

E definitivamente Sabine tinha se certificado disso.

Bryce e Sabine se odiaram desde o momento em que ela havia zombado da colega de quarto imprópria e mestiça da sua única filha Alpha no primeiro dia na CCU. E Bryce amara Danika desde o momento em que sua nova colega de quarto não ligando para os insultos, ofereceu-lhe a mão em cumprimento e então disse que Sabine estava apenas irritada por que esperava que o seu colega de quarto fosse um vampiro musculoso para que ela pudesse babar.

Danika raramente deixava as opiniões dos outros –– Especialmente as de Sabine –– Corroer com arrogância a sua alegria. Mas em dias difíceis como este... Bryce levantou a mão e correu pelas costelas musculosas de Danika, um golpe reconfortante e arrebatador.

–– Você acha que Briggs virá atrás de você ou da sua Matilha?  –– Bryce perguntou, seu estomago se revirando. Danika não havia pegado o Briggs sozinho – E ele certamente tinha pontos para resolver com todos eles.

O focinho de Danika se enrugou –– Eu não sei

As palavras ecoaram entre elas. No combate corpo a corpo, Briggs nunca sobreviveria contra Danika. Mas uma das suas bombas mudaria tudo. Se Danika fizesse o mergulho da imortalidade, provavelmente ela sobreviveria. Mas ela não o fez – E ela era a única do Bando de Diabos que ainda não fizeram... A boca de Bryce ficou seca.

–– Tenha cuidado –– Bryce disse calmamente.

–– Eu vou –– Disse Danika, seus olhos quentes ainda cheios de sombras. Mas então ela sacudiu a cabeça, como se estivesse sacudindo-a da água – O movimento puramente canino. Bryce frequentemente se maravilhava com isso, O fato que Danika poderia afastar seus medos, ou pelo menos enterrá-los o suficiente para seguir em frente.

Por fim, Danika mudou de assunto.

–– Seu irmão estará na reunião hoje.

Meio-irmão. Bryce não se incomodou em corrigi-la. Meio-irmão e um Meio-irmão feérico idiota. –– E?

–– Só pensei em avisar que eu irei vê-lo –– O rosto da loba amoleceu ligeiramente –– Ele vai me perguntar como você está.

–– Diga a Ruhn que estou ocupada fazendo coisas importantes e indo para Hel.

Danika bufou uma risada –– Onde, exatamente, você está fazendo essa investigação pelo chifre?

–– No templo –– Bryce disse com um suspiro. –– Honestamente, eu estive investigando esta coisa por dias a fio e não consegui descobrir nada. Sem suspeitos, sem murmúrios no mercado de carne sobre a venda e nenhum motivo para que alguém se incomode com isso. É famoso o suficiente para qualquer um que o houvesse pegado o embrulhasse apertado e o escondesse. –– Ela franziu o cenho para o céu claro –– Eu me pergunto se algum poder de interrupção não esteja realmente ligada a ela – Se alguém desligara a rede da cidade para roubá-la no caos, Só existiam vinte pessoas nesta cidade capazes de serem tão astutas e apenas a metade delas teriam recursos necessários para fazer.

A cauda de Danika tremeu –– Se eles são capazes de fazer algo assim, eu sugiro que você fique longe. Conduza Jesiba um pouco. Faça-a pensar que você está procurando e depois deixe para lá. Ou o Chifre aparecerá até lá ou ela seguirá para a sua próxima estúpida missão.

Bryce Admitiu: –– Eu só... seria bom encontrar o chifre para a minha carreira. –– Ou qualquer Hel que seja isso. Um ano de trabalho na galeria não provocou nada além de nojo com as quantias obscenas de dinheiro que as pessoas ricas desperdiçavam em merda velha.


–– Sim, Sim ––disse Bryce, embora Danika estivesse certa.

Ela nunca tinha tirado o colar desde que o tinha pegado. Se Jesiba alguma vez a chutasse para fora, ela sabia que teria que encontrar uma maneira de garantir que o colar continuasse com ela. Danika havia dito que se certificaria disso várias vezes, incapaz de impedir que o seu instinto Alpha de querer proteger a todo custo falasse mais alto. Era parte do motivo pelo qual Bryce a amava e o fato do por que o seu peito se apertou naquele momento com o mesmo amor e gratidão

O telefone de Bryce tocou em sua bolsa, e ela o pegou. Danika olhou e quando notou quem estava ligando, abanou o rabo, as orelhas se animando.

–– Não diga uma palavra sobre Briggs –– alertou Bryce, e aceitou a ligação. ––Oi mãe.

–– Olá docinho. –– A voz clara de Ember Quinlan encheu seu ouvido, desenhando um sorriso na mente de Bryce, mesmo a trezentos quilômetros entre elas. –– Eu queria para verificar se o próximo fim de semana ainda é bom para visitar.

 –– Oi mamãe! –– Danika latiu em direção ao telefone. Ember riu.

Ember sempre foi mãe de Danika, mesmo no seu primeiro encontro. E Ember, que nunca teve filhos além Bryce, ficara mais do que feliz em encontrar-se com uma segunda - igualmente voluntariosa e problemática - filha.

–– Danika está com você? –– Bryce  revirou os olhos e estendeu o telefone para a amiga. Entre um passo e outro, Danika mudou em um flash de luz, o lobo enorme encolhendo na forma humanóide flexível.

Pegando o telefone de Bryce, Danika prendeu-o entre a orelha e ombro enquanto ajustava a blusa de seda branca que Bryce lhe emprestara em seu jeans manchado. Ela conseguiu limpar uma boa quantidade da calça e jaqueta de couro, mas a camiseta tinha aparentemente, foi uma causa perdida.

 Danika disse ao telefone: –– Bryce e eu somos caminhando.

 Com os ouvidos arqueados de Bryce, ela podia ouvir sua mãe perfeitamente enquanto disse: –– Onde?

Ember Quinlan transformou a superproteção em um esporte competitivo. A mudança para Lunathion fora um teste de vontades. Ember tinha apenas cedido quando soube quem era o colega de quarto de Bryce no primeiro ano - e depois deu a Danika uma palestra sobre como garantir que Bryce permanecesse segura. Randall, padrasto de Bryce, cortou sua esposa misericordiosamente depois de trinta minutos. Bryce sabe como se defender, Randall lembrou a Ember. Nós cuidamos disso, E Bryce continuará seu treinamento enquanto estiver aqui, não é? E Bryce realmente tinha. Ela havia atingido o alcance das armas apenas alguns dias atrás, passando pelos movimentos que Randall - seu verdadeiro pai por sua escolha - havia lhe ensinado desde a infância: montar uma arma, mirar em um alvo enquanto controlava a sua respiração. Na maioria dos dias, ela achava armas máquinas brutais de matar e sentia-se grata por terem sido altamente regulamentados pela República. Mas dado que ela tinha pouco mais para se defender além da velocidade e algumas manobras bem colocadas, ela aprendeu que, para um humano, uma arma poderia significar a diferença entre vida e a morte.

Danika mentiu: –– Estamos indo para uma das barracas de vendedores ambulantes na Praça Velha - queríamos um pouco de kofta de cordeiro. –– Antes que Ember pudesse continuar o interrogatório, Danika acrescentou: –– Ei, B deve ter esquecido de lhe dizer que estamos indo para Kalaxos próximo fim de semana - Ithan tem um jogo de sunball lá, e todos nós vamos torcer por ele.

Uma meia verdade. O jogo estava acontecendo, mas não houve discussão sobre assistir o irmão mais novo de Connor, o ator principal da CCU. Naquela tarde, o grupo de demônios estava indo para a arena da CCU para torcer por Ithan, mas Bryce e Danika não se preocuparam em assistir a um jogo fora desde o segundo ano, quando Danika estava dormindo com um dos defensores.

–– Isso é muito ruim –– disse Ember.

Bryce praticamente via o cenho franzido somente no tom de voz de sua mãe. 

– Estávamos realmente ansiosos por isso –– Essa mulher era a mestre da de te deixar com um sentimento de culpa.

Bryce encolheu-se e pegou o telefone de volta. –– Nós também, mas vamos ter que reagendar para ao próximao mês.

–– Mas já faz tanto tempo.

–– Merda, um cliente está descendo a rua –– mentiu Bryce. –– Eu tenho que ir.

–– Bryce Adelaide Quinlan ...

–– Tchau mãe.

 ––Tchau mãe! ––  Danika ecoou, assim como Bryce desligou.

Bryce suspirou em direção ao céu, ignorando os anjos voando e batendo as suas asas, suas sombras dançando sobre as ruas banhadas pelo sol. –– Mensagem entrando em três, dois ... –– O telefone dela tocou.

 Ember escreveu: Se eu não te conhecesse melhor, pensaria que você estava nos evitando Bryce. Seu pai ficará muito machucado.

Danika soltou um assobio. –– Oh, ela é boa.

 Bryce gemeu. –– Não vou deixá-los vir à cidade se Briggs estiver livre.

O sorriso de Danika desapareceu.

–– Eu sei. Vamos continuar empurrando-os até que seja resolvido. –– Agradeça a Cthona por Danika - ela sempre tem um plano para tudo.

Bryce enfiou o telefone na bolsa, deixando a mensagem da mãe sem resposta. Quando chegaram ao Portão, no coração da Praça Velha, seu quartzo arco tão claro quanto um lago congelado, o sol estava atingindo sua borda superior, refratando e lançando pequenos arco-íris contra um dos edifícios que flanqueiam isto. No Solstício de Verão, quando o sol se alinhava perfeitamente com o Portão, enchia toda a praça com arco-íris, tantos que era como caminhar dentro de um diamante. Turistas circulavam, uma fila deles serpenteando pela própria praça, todos esperando a chance de uma foto com o marco de seis metros de altura. Um dos sete nesta cidade, todos esculpidos em enormes blocos de quartzo talhada das Montanhas Laconianas ao norte, o Portão da Velha Praça muitas vezes chamado de Portão do Coração, graças à sua localização no centro morto de Lunathion, com os outros seis portões localizados equidistantes, cada um abrindo para uma estrada fora da cidade murada.

–– Eles deveriam fazer uma faixa de acesso especial para os residentes atravessarem a praça –– Bryce murmurou enquanto se aproximavam de turistas e vendedores ambulantes.

–– E dar multas aos turistas por andar devagar ––Danika murmurou de volta, mas lançou um sorriso para um jovem casal humano que a reconheceu, e boquiabertos, começaram a tirar fotos.

–– Eu me pergunto o que eles pensariam se soubessem que aquele molho noturno é mais famoso que você –– Bryce murmurou.

Danika deu uma cotovelada nela. –– Idiota. –– Ela deu um sorriso amigável para os turistas e continuou.

 Do outro lado do Portão do Coração, em meio a um pequeno exército de vendedores, vendendo comida e porcaria turística, uma segunda fila de pessoas esperava para acessar o bloco de ouro saindo do lado sul.

–– Nós vamos ter que cortar a fila –– disse Bryce, carrancuda para os turistas que estavam ociosos no calor.

Mas Danika parou, seu rosto angular voltado para o portão e a placa. –– Vamos fazer um pedido.

–– Nós não estamos esperando nessa fila –– Normalmente, elas apenas gritavam seus desejos bêbados no éter tarde da noite, quando elas cambaleavam para casa depois de saírem do Corvo Branco e a praça estavam vazia.

Bryce verificou o tempo no telefone. –– Você não precisa ir ao comitê? –– As cinco reuniões do governador, a fortaleza elevada ficava pelo menos quinze minutos a pé.

–– Eu tenho tempo –– disse Danika, e agarrou a mão de Bryce, puxando-a através da multidão e em direção ao verdadeiro atrativo turístico do portão.

Destacando-se do quartzo a cerca de um metro do chão, estava o teclado de discagem: um bloco de ouro maciço embutido com sete gemas diferentes, cada uma para um bairro da cidade, as insígnias de cada distrito gravadas abaixo dele. Esmeralda e uma rosa para as cinco rosas de opala e um par de asas para o CBD. Ruby e um coração para a Praça Velha. Safira e um carvalho para Moonwood. Ametista e uma mão humana para Asphodel Meadows. Um olho de tigre e uma serpente para o mercado de carne. E ônix - tão preto que devorava a luz - e um conjunto de caveiras e ossos cruzados para o Bairro dos Ossos. Sob o arco de pedras e emblemas gravados, um pequeno disco redondo se erguia levemente, seu metal desgastado por inúmeras mãos e patas e barbatanas e qualquer outra maneira de membro. Uma placa ao lado dizia: Toque por sua conta e risco. Não use entre pôr do sol e o nascer do sol. Os infratores serão multados.

As pessoas na fila, esperando o acesso ao disco, pareciam não ter problema com os riscos. Um par de shifters masculinos adolescentes rindo - algum tipo de felino de seus cheiros - incitaram um ao outro para a frente, cotovelos e provocações, ousando o outro tocar no disco.

–– Patético ––disse Danika, passando pela linha e pelas cordas com tédio. Olhando a guarda da cidade - uma jovem mulher Feérica - bem na frente. Ela pescou um distintivo de dentro de seu casaco de couro e mostrou a guarda, que endureceu quando ela percebeu quem cortou a linha. Ela nem olhou para o dourado emblema do arco da lua crescente com uma flecha encaixada nele antes de recuar.

–– Negócio oficial –– Danika declarou com uma voz irritantemente direta –– Só vai demorar um minuto

 Bryce abafou o riso, ciente dos olhares fixos em suas costas quando elas sairam.

Danika falou aos adolescentes: –– Se vocês não vão fazer isso, então saiam. ––  Eles giraram em sua direção e ficaram brancos como a morte. Danika sorriu, mostrando quase todos os dentes. Não era uma visão agradável.

–– Puta merda –– sussurrou um deles.

Bryce escondeu seu sorriso também.

Nunca  envelhecia - a admiração. Principalmente porque ela sabia que Danika merecia. Todo maldito dia, Danika ganhava admiração que florescia nos rostos de estranhos quando avistavam seu cabelo de seda de milho e essa tatuagem no pescoço. E o medo que faz com que os desânimos nesta cidade pense duas vezes antes de querer foder com ela e o bando de demônios.

Exceto Philip Briggs. Bryce enviou uma oração para as profundezas azuis de Ogenas para que a deusa do mar sussurrasse sua sabedoria a Briggs para manter sua distância de Danika, se ele realmente se libertou.

Os meninos se afastaram e levou apenas alguns milissegundos para que eles observassem Bryce também. A admiração em seus rostos se transformou em interesse flagrante. Bryce bufou. Continue sonhando.

Um deles gaguejou, voltando sua atenção de Bryce para Danika –– Meu professor de história disse que os portões eram originalmente um dispositivo de comunicação.

–– Aposto que você ganha todas as mulheres com esses factóides estelares –– disse Danika sem olhar para eles desinteressada.

Mensagem recebida, eles voltaram para a linha. Bryce sorriu e aproximou-se do lado da amiga, espiando o teclado. Os adolescentes estavam certos, no entanto. Os sete portões desta cidade, cada conjunto ao longo de uma linha ley que atravessa Lunathion, foi concebido como um rápido caminho para os guardas dos distritos se comunicarem séculos atrás. Quando alguém apenas coloca a mão no disco de ouro no centro do bloco e fala, a voz do usuário viajaria para os outros portões, um gem iluminando com o distrito de onde a voz se originou.

Obviamente, era necessária uma gota de mágica para fazê-lo - literalmente sugado como um vampiro a partir das veias da pessoa que tocando na almofada e uma cócegas no seu poder, ele se ia para sempre.

 Bryce levantou os olhos para a placa de bronze acima da cabeça. O Portão Quartzo era um memorial, embora ela não soubesse por qual conflito ou guerra. Mas cada um tinha a mesma placa: o poder sempre pertencerá àqueles que dão a vida à cidade. Considerando que era uma afirmação que poderia ser interpretada como estando em oposição ao governo de Asteri, Bryce sempre ficava surpreso que eles permitiram que os portões continuassem de pé. Mas depois de se tornar obsoleto com o advento dos telefones, os Portões encontraram uma segunda vida quando crianças e os turistas começaram a usá-los, levando seus amigos para os outros portões da cidade para que eles pudessem sussurrar palavras sujas ou se maravilhar com a pura novidade de um método de comunicação tão antiquado. Não satisfeitos, vinham fins de semana os idiotas bêbados - uma categoria na qual Bryce e Danika firmemente pertencia – tornando-se uma dor no traseiro com seus gritos através do Portões que a cidade havia instituído horas de operação. E então a superstição muda, alegando que o Portal poderia fazer desejos se tornar realidade, e entregar uma gota de seu poder era criar uma oferenda aos cinco deuses. Era besteira, Bryce sabia - mas se isso fizesse Danika não temer a voz de Briggs liberar tanto, bem, valeu a pena.

–– O que você vai desejar? –– Bryce perguntou quando Danika olhou no disco, as gemas escuras acima dele.

 A esmeralda do FiRo se iluminou, uma voz feminina jovem chegando até gritar: ––  Peitinhos! ––  As pessoas riram ao seu redor, o som como água escorrendo sobre pedras, e Bryce riu.

 Mas o rosto de Danika ficou solene. –– Eu tenho muitas coisas para desejar  –– ela disse. Antes que Bryce pudesse perguntar, Danika deu de ombros. –– Mas acho que vou desejar que Ithan ganhe seu jogo de sunball hoje à noite. –– Com isso, ela colocou a palma da mão no disco. Bryce viu como sua amiga se arrepiou e riu baixinho, dando um passo para trás.

Os olhos caramelo dela brilhavam. –– Sua vez.

–– Você sabe que quase não tenho mágica, mas tudo bem –– Bryce disse, para não ser superado, mesmo por um lobo alfa.

A partir do momento que Bryce entrou no dormitório no primeiro ano, elas faziam tudo juntas. Apenas as duas, como sempre seria. Elas até planejaram fazer o mergulho juntos - congelar em imortalidade no mesmo fôlego, com membros do grupo de demônios Ancorando-os. Tecnicamente, não era a imortalidade verdadeira - os Vanir envelheceram e morreram, causas naturais ou outros métodos, mas o processo de envelhecimento foi tão desacelerado após a queda que, dependendo da espécie, poderia levar séculos para mostrar uma ruga. Os Feéricos podem durar mil anos, o shifters e bruxas geralmente cinco séculos, os anjos em algum lugar no meio. Humanos completos não fizeram a Queda, pois não possuíam mágica. E comparado para os humanos, com suas vidas comuns e cura lenta, os Vanir eram essencialmente imortal - algumas espécies tiveram filhos que nem entraram maturidade até os oitenta anos. E a maioria era muito, muito difícil de matar.

Mas Bryce raramente pensava sobre onde ela cairia naquele espectro - se sua herança meio Feérica lhe daria cem anos ou mil. Não importava, desde que Danika estivesse lá para tudo isso. Iniciando com o mergulho. Elas mergulhariam mortalmente em seu poder amadurecido juntos, encontrariam o que há no fundo de suas almas e depois correriam de volta à vida antes que a falta de oxigênio os tornasse com morte cerebral. Ou apenas completamente morto. No entanto, enquanto Bryce herdaria poder suficiente para fazer festas legais e truques, Danika deveria reivindicar um mar de poder que a colocaria ultrapassando Sabine - provavelmente igual ao da realeza Feérica, talvez até além do próprio rei do outono. Era inédito, para um shifter ter esse tipo de poder, mas todas os testes de infância padrão confirmaram: uma vez que Danika mergulhasse, ela iria se tornar um poder considerável entre os lobos, cujos gostos não haviam visto desde os dias mais antigos do outro lado do mar. Danika não se tornaria apenas a Alfa dos lobos de Cressent City. Não, ela tinha o potencial de ser o Alfa de todos os lobos. Na porra do planeta. Danika nunca pareceu se importar com isso. Não planejou para ela um futuro com base nele. Vinte e sete anos eram a idade ideal para fazer o Mergulho, elas decidiram juntas, depois de anos julgando sem piedade os vários imortais que marcaram suas vidas por séculos e milênios. Logo antes de qualquer linha permanente ou rugas ou cabelos grisalhos. Elas apenas disseram a quem perguntou: Qual o sentido de sermos imortais se tivermos seios flácidos? Idiotas vaidosas, Fury sibilou quando o explicaram pela primeira vez. Fury, que fez o Mergulho aos 21 anos, não havia escolhido a idade para ela mesma. Acabara de acontecer, ou havia sido forçado a ela - elas não sabiam com certeza. A presença de Fury na CCU foi apenas uma fachada para um missão; passava a maior parte do tempo fazendo coisas realmente fodidas com quantias nojentas de dinheiro em Pangera. Ela fez questão de nunca dar detalhes. Assassina, Danika afirmou. Até o doce Juniper, o fauno que ocupava o quarto lado de sua pequena praça de amizade, admitiu que as chances eram de que A fúry era uma mercenário. Se Fury era ocasionalmente empregada pelos Asteri e o fantoche do Senado Imperial também estava em debate. Nenhum deles realmente pareciam se importar- não quando Fury sempre ficava nas suas costas quando precisava. E mesmo quando não precisava.

A mão de Bryce pairava sobre o disco de ouro.  O olhar de Danika era peso sob ela. –– Vamos lá, B, não seja uma covarde.

Bryce suspirou e colocou a mão no bloco.  –– Eu gostaria que Danika fosse a uma manicure. As unhas dela parecem uma merda.

Um relâmpago a atravessou, uma leve aspiração ao redor de sua barriga.

Danika estava rindo, empurrando-a. –– Sua maldita.

Bryce passou um braço em volta dos ombros de Danika. –– Você mereceu isso.

Danika agradeceu a guarda de segurança, que sorriu com a atenção, e ignorou os turistas ainda tirando fotos. Elas não falaram até que alcançou a borda norte da praça - onde Danika iria em direção aos céus e torres cheios de anjos da CDB, até o amplo Comitê complexo em seu coração, e Bryce em direção ao Templo de Luna, três quarteirões acima.

Danika apontou o queixo em direção às ruas atrás de Bryce.

 –– Vejo você em casa, está bem?

 –– Tenha cuidado. –– Bryce soltou um suspiro, tentando não demonstrar sua inquietação.

–– Eu sei cuidar de mim, B ––disse Danika, mas o amor brilhou nos olhos dela - gratidão que esmagou o peito de Bryce - apenas pelo fato de que alguém se importava se ela vivia ou morria.

Sabine era um pedaço de merda. Nunca sussurrou ou sugeriu quem o pai de Danika poderia ser - então Danika cresceu com absolutamente ninguém  exceto seu avô, que era velho demais e se aproximou para poupar Danika da crueldade de sua mãe.

 Bryce inclinou a cabeça em direção ao CBD. –– Boa sorte. Não irrite muitas pessoas.

 –– Você sabe que eu vou –– Danika disse com um sorriso que não encontrou seus olhos.













You May Also Like

0 comentários