Capitulo dois
Quando Danika apareceu no
salão da galeria, Bryce já havia sofrido uma repreensão levemente ameaçadora de
Jesiba por sua inaptidão, Um E-mail de um cliente altamente exigente, exigindo
que Bryce agilizasse a papelada de um artefato antigo a qual ela tinha comprado
e desejava mostrar aos seus amigos igualmente exigentes em uma festa na
Segunda-Feira, E duas outras mensagens dos membros da matilha de Danika perguntando
se sua Alpha estava prestes a matar alguém por causa da libertação de Briggs.
Nathalie, A terceira de
Danika, foi direto ao ponto: Ela já
perdeu toda a sua merda sobre Briggs, ou ainda não?
Connor Holstrom, O segundo de
Danika, tomou um pouco mais de cuidado com oque ele enviou para o Éter, Já que
sempre havia uma chance de perder seu posto. Você já falou com Danika? Foi tudo o que ele perguntou.
Bryce estava escrevendo de
volta para Connor ...Sim. Está tudo certo
–– Quando um lobo cinzento do
tamanho de um pequeno cavalo fechou a porta dos arquivos de ferro com uma pata,
garras clicando sob o metal.
–– Você sempre odiou tanto
minhas roupas? –– Bryce perguntou, levantando-se da cadeira.
Apenas os olhos caramelo de
Danika permaneciam os mesmos quando ela estava daquela forma e era apenas
aqueles olhos que suavizavam a pura ameaça e graça que o lobo irradiava a cada
passo em direção a mesa.
–– Eu os coloquei de volta,
não se preocupe. –– Presas longas e afiadas brilhavam a cada palavra. Danika
levantou os ouvidos felpudos, vendo o computador que havia sido desligado e a
bolsa que Bryce colocara sobre a mesa. –– Você está saindo sem mim?
–– Eu tenho que fazer algumas
investigações para Jesiba –– Bryce pega o anel de chaves que um dia abriram
portas em várias partes da sua vida e continua –– Ela está me perseguindo para
encontrar o Chifre da Luna novamente. Como se eu não estivesse tentando
encontra-lo sem parar nas últimas semanas.
Danika olhou para uma das
câmeras invisíveis no Salão da Galeria, montada atrás de uma estátua decapitada
de um Fauno dançando que remonta a idade de dez mil anos.
Seu rabo espesso balançou ––
Por que ela quer isso?
Bryce deu de ombros –– Eu não
tive coragem para perguntar
Danika caminhou até a porta da
frente, tomando cuidado para não deixar que suas garras tirassem nenhum único
fio do tapete. –– Duvido que ela devolva ao templo sem que haja um retorno pela
bondade do seu coração.
–– Tenho a sensação que Jesiba
aproveitaria o retorno de qualquer forma. –– Bryce disse. Elas andavam a passos
largos na rua tranquila à uma quadra de Istros, o sol do meio dia assando os
paralelepípedos enquanto Danika era uma solida parede de pelos e músculos entre
Bryce e o meio fio.
O roubo do Chifre sagrado
durante uma queda de energia havia sido a maior notícia do desastre: Saqueadores
usaram a capa da escuridão para invadir o templo de Luna e roubar a antiga
relíquia feérica de seu lugar de descanso: No topo do colo da divindade maciça
e entronizada, fazendo com que o próprio Arcanjo Miquéias oferecesse uma grande
recompensa por quaisquer informações do seu retorno e prometesse que o bastardo
sacrílego que havia roubado, seria levado a justiça.
Justiça também conhecida como
crucificação pública.
Bryce sempre fez questão de
não chegar perto da praça da CDB, onde os crucificados geralmente eram
mantidos. Em certos dias, dependendo do vento e do calor, o cheiro de sangue e
carne podre poderia ser sentidos a blocos de distância.
Bryce deu um passo ao lado de
Danika enquanto a loba maciça examinava a rua, suas narinas cheirando qualquer
indício de ameaça. Bryce, como meia Feérica poderia cheirar as pessoas com mais
detalhes que um ser humano médio –– Ela havia divertido seus pais infinitamente
quando criança, descrevendo os aromas de todos na sua antiga pequena cidade na
montanha em Nidários, lugar onde os humanos não possuíam nenhuma maneira de
interpretar o mundo. –– mas suas habilidades não eram nada comparadas as da sua
amiga.
Enquanto Danika cheirava a rua, seu rabo balançou uma vez
–– E não era de felicidade.
–– Relaxa –– Disse Bryce,
conhecendo sua amiga. –– Você irá defender os chefes, então eles vão entender.
As orelhas de Danika se
achataram –– Está tudo fodido, B. Tudo isso.
Bryce franziu a testa. –– Você
realmente está me dizendo que qualquer um dos Chefes irá querer um rebelde como
Briggs? Eles vão encontrar um pouco de tecnicismo e jogarão a bunda dele de
volta na prisão. –– Ela acrescentou, porque Danika não a olhava.
–– Não há como o 33º não estar
monitorando cada respiração dele. Só precisará que o Briggs pisque errado e ele
verá toda a dor que os anjos podem chover sobre todos nós. Hel, O governador
pode até enviar a Umbra Mortis atrás dele. –– O assassino pessoal de Micah, com
um raro presente de um raio em suas veias, ele poderia eliminar quase qualquer
ameaça.
Danika rosnou, dentes
brilhando –– Eu posso lidar com Briggs.
–– Eu sei que você pode. Todo
mundo sabe que você pode Danika.
Danika examinou a rua à
frente, olhando além de um pôster dos seis Asteri entronizado pregado em uma
parede –– Com um trono vazio para honrar a sua irmã caída –– e soltou um
suspiro.
Ela sempre teve o dever e a
expectativa para suportar oque Bryce nunca teria que suportar, e Bryce estava
agradecida como Hel por esse privilégio. Quando Bryce estragou tudo, Jesiba lhe
repreendeu por alguns minutos e foi isso. Mas quando Danika estragou tudo, ela
foi alvo de noticias através da interweb.
E definitivamente Sabine tinha
se certificado disso.
Bryce e Sabine se odiaram
desde o momento em que ela havia zombado da colega de quarto imprópria e
mestiça da sua única filha Alpha no primeiro dia na CCU. E Bryce amara Danika
desde o momento em que sua nova colega de quarto não ligando para os insultos,
ofereceu-lhe a mão em cumprimento e então disse que Sabine estava apenas
irritada por que esperava que o seu colega de quarto fosse um vampiro musculoso
para que ela pudesse babar.
Danika raramente deixava as
opiniões dos outros –– Especialmente as de Sabine –– Corroer com arrogância a
sua alegria. Mas em dias difíceis como este... Bryce levantou a mão e correu
pelas costelas musculosas de Danika, um golpe reconfortante e arrebatador.
–– Você acha que Briggs virá
atrás de você ou da sua Matilha? ––
Bryce perguntou, seu estomago se revirando. Danika não havia pegado o Briggs
sozinho – E ele certamente tinha pontos para resolver com todos eles.
O focinho de Danika se enrugou
–– Eu não sei
As palavras ecoaram entre
elas. No combate corpo a corpo, Briggs nunca sobreviveria contra Danika. Mas
uma das suas bombas mudaria tudo. Se Danika fizesse o mergulho da imortalidade, provavelmente ela sobreviveria. Mas ela não o fez – E ela era a
única do Bando de Diabos que ainda não fizeram... A boca de Bryce ficou seca.
–– Tenha cuidado –– Bryce
disse calmamente.
–– Eu vou –– Disse Danika,
seus olhos quentes ainda cheios de sombras. Mas então ela sacudiu a cabeça,
como se estivesse sacudindo-a da água – O movimento puramente canino. Bryce
frequentemente se maravilhava com isso, O fato que Danika poderia afastar seus
medos, ou pelo menos enterrá-los o suficiente para seguir em frente.
Por fim, Danika mudou de
assunto.
–– Seu irmão estará na reunião
hoje.
Meio-irmão.
Bryce não se incomodou em corrigi-la. Meio-irmão
e um Meio-irmão feérico idiota. –– E?
–– Só pensei em avisar que eu
irei vê-lo –– O rosto da loba amoleceu ligeiramente –– Ele vai me perguntar
como você está.
–– Diga a Ruhn que estou
ocupada fazendo coisas importantes e indo para Hel.
Danika bufou uma risada ––
Onde, exatamente, você está fazendo essa investigação pelo chifre?
–– No templo –– Bryce disse
com um suspiro. –– Honestamente, eu estive investigando esta coisa por dias a
fio e não consegui descobrir nada. Sem suspeitos, sem murmúrios no mercado de
carne sobre a venda e nenhum motivo para que alguém se incomode com isso. É
famoso o suficiente para qualquer um que o houvesse pegado o embrulhasse
apertado e o escondesse. –– Ela franziu o cenho para o céu claro –– Eu me
pergunto se algum poder de interrupção não esteja realmente ligada a ela – Se
alguém desligara a rede da cidade para roubá-la no caos, Só existiam vinte
pessoas nesta cidade capazes de serem tão astutas e apenas a metade delas
teriam recursos necessários para fazer.
A cauda de Danika tremeu –– Se
eles são capazes de fazer algo assim, eu sugiro que você fique longe. Conduza
Jesiba um pouco. Faça-a pensar que você está procurando e depois deixe para lá.
Ou o Chifre aparecerá até lá ou ela seguirá para a sua próxima estúpida missão.
Bryce Admitiu: –– Eu só...
seria bom encontrar o chifre para a minha carreira. –– Ou qualquer Hel que seja
isso. Um ano de trabalho na galeria não provocou nada além de nojo com as
quantias obscenas de dinheiro que as pessoas ricas desperdiçavam em merda
velha.
–– Sim, Sim ––disse Bryce, embora Danika estivesse certa.
Ela nunca tinha tirado o colar desde que o tinha pegado. Se Jesiba
alguma vez a chutasse para fora, ela sabia que teria que encontrar uma maneira
de garantir que o colar continuasse com ela. Danika havia dito que se
certificaria disso várias vezes, incapaz de impedir que o seu instinto Alpha de
querer proteger a todo custo falasse mais alto. Era parte do motivo pelo qual Bryce a amava e o
fato do por que o seu peito se apertou naquele momento com o mesmo amor e
gratidão
O telefone de Bryce tocou em sua bolsa, e ela o pegou. Danika olhou e
quando notou quem estava ligando, abanou o rabo, as orelhas se animando.
–– Não diga uma palavra sobre Briggs –– alertou Bryce, e aceitou a
ligação. ––Oi mãe.
–– Olá docinho. –– A voz clara de Ember Quinlan encheu seu ouvido,
desenhando um sorriso na mente de Bryce, mesmo a trezentos quilômetros entre
elas. –– Eu queria para verificar se o próximo fim de semana ainda é bom para
visitar.
–– Oi mamãe! –– Danika latiu em
direção ao telefone. Ember riu.
Ember sempre foi mãe de Danika, mesmo no seu primeiro encontro. E Ember,
que nunca teve filhos além Bryce, ficara mais do que feliz em encontrar-se com
uma segunda - igualmente voluntariosa e problemática - filha.
–– Danika está com você? –– Bryce revirou os olhos e estendeu o telefone para a
amiga. Entre um passo e outro, Danika mudou em um flash de luz, o lobo enorme
encolhendo na forma humanóide flexível.
Pegando o telefone de Bryce, Danika prendeu-o entre a orelha e ombro
enquanto ajustava a blusa de seda branca que Bryce lhe emprestara em seu jeans
manchado. Ela conseguiu limpar uma boa quantidade da calça e jaqueta de couro,
mas a camiseta tinha aparentemente, foi uma causa perdida.
Danika disse ao telefone: ––
Bryce e eu somos caminhando.
Com os ouvidos arqueados de
Bryce, ela podia ouvir sua mãe perfeitamente enquanto disse: –– Onde?
Ember Quinlan transformou a superproteção em um esporte competitivo. A
mudança para Lunathion fora um teste de vontades. Ember tinha apenas cedido
quando soube quem era o colega de quarto de Bryce no primeiro ano - e depois
deu a Danika uma palestra sobre como garantir que Bryce permanecesse segura.
Randall, padrasto de Bryce, cortou sua esposa misericordiosamente depois de
trinta minutos. Bryce sabe como se
defender, Randall lembrou a Ember. Nós
cuidamos disso, E Bryce continuará
seu treinamento enquanto estiver aqui, não é? E Bryce realmente tinha. Ela
havia atingido o alcance das armas apenas alguns dias atrás, passando pelos
movimentos que Randall - seu verdadeiro pai por sua escolha - havia lhe ensinado
desde a infância: montar uma arma, mirar em um alvo enquanto controlava a sua
respiração. Na maioria dos dias, ela achava armas máquinas brutais de matar e
sentia-se grata por terem sido altamente regulamentados pela República. Mas
dado que ela tinha pouco mais para se defender além da velocidade e algumas manobras
bem colocadas, ela aprendeu que, para um humano, uma arma poderia significar a
diferença entre vida e a morte.
Danika mentiu: –– Estamos indo para uma das barracas de vendedores
ambulantes na Praça Velha - queríamos um pouco de kofta de cordeiro. –– Antes
que Ember pudesse continuar o interrogatório, Danika acrescentou: –– Ei, B deve
ter esquecido de lhe dizer que estamos indo para Kalaxos próximo fim de semana
- Ithan tem um jogo de sunball lá, e todos nós vamos torcer por ele.
Uma meia verdade. O jogo estava acontecendo, mas não houve discussão
sobre assistir o irmão mais novo de Connor, o ator principal da CCU. Naquela
tarde, o grupo de demônios estava indo para a arena da CCU para torcer por
Ithan, mas Bryce e Danika não se preocuparam em assistir a um jogo fora desde o
segundo ano, quando Danika estava dormindo com um dos defensores.
–– Isso é muito ruim –– disse Ember.
Bryce praticamente via o cenho franzido somente no tom de voz de sua
mãe.
–– Estávamos realmente ansiosos por isso –– Essa mulher era a mestre da
de te deixar com um sentimento de culpa.
Bryce encolheu-se e pegou o telefone de volta. –– Nós também, mas vamos ter
que reagendar para ao próximao mês.
–– Mas já faz tanto tempo.
–– Merda, um cliente está descendo a rua –– mentiu Bryce. –– Eu tenho
que ir.
–– Bryce Adelaide Quinlan ...
–– Tchau mãe.
––Tchau mãe! –– Danika ecoou, assim como Bryce desligou.
Bryce suspirou em direção ao céu, ignorando os anjos voando e batendo as
suas asas, suas sombras dançando sobre as ruas banhadas pelo sol. –– Mensagem
entrando em três, dois ... –– O telefone dela tocou.
Ember escreveu: Se eu não te conhecesse melhor, pensaria que
você estava nos evitando Bryce. Seu pai ficará muito machucado.
Danika soltou um assobio. –– Oh, ela é boa.
Bryce gemeu. –– Não vou deixá-los
vir à cidade se Briggs estiver livre.
O sorriso de Danika desapareceu.
–– Eu sei. Vamos continuar empurrando-os até que seja resolvido. ––
Agradeça a Cthona por Danika - ela sempre tem um plano para tudo.
Bryce enfiou o telefone na bolsa, deixando a mensagem da mãe sem
resposta. Quando chegaram ao Portão, no coração da Praça Velha, seu quartzo
arco tão claro quanto um lago congelado, o sol estava atingindo sua borda
superior, refratando e lançando pequenos arco-íris contra um dos edifícios que
flanqueiam isto. No Solstício de Verão, quando o sol se alinhava perfeitamente
com o Portão, enchia toda a praça com arco-íris, tantos que era como caminhar
dentro de um diamante. Turistas circulavam, uma fila deles serpenteando pela
própria praça, todos esperando a chance de uma foto com o marco de seis metros
de altura. Um dos sete nesta cidade, todos esculpidos em enormes blocos de
quartzo talhada das Montanhas Laconianas ao norte, o Portão da Velha Praça
muitas vezes chamado de Portão do Coração, graças à sua localização no centro morto de
Lunathion, com os outros seis portões localizados equidistantes, cada um abrindo
para uma estrada fora da cidade murada.
–– Eles deveriam fazer uma faixa de acesso especial para os residentes
atravessarem a praça –– Bryce murmurou enquanto se aproximavam de turistas e
vendedores ambulantes.
–– E dar multas aos turistas por andar devagar ––Danika murmurou de
volta, mas lançou um sorriso para um jovem casal humano que a reconheceu, e
boquiabertos, começaram a tirar fotos.
–– Eu me pergunto o que eles pensariam se soubessem que aquele molho
noturno é mais famoso que você –– Bryce murmurou.
Danika deu uma cotovelada nela. –– Idiota. –– Ela deu um sorriso
amigável para os turistas e continuou.
Do outro lado do Portão do Coração,
em meio a um pequeno exército de vendedores, vendendo comida e porcaria
turística, uma segunda fila de pessoas esperava para acessar o bloco de ouro
saindo do lado sul.
–– Nós vamos ter que cortar a fila –– disse Bryce, carrancuda para os
turistas que estavam ociosos no calor.
Mas Danika parou, seu rosto angular voltado para o portão e a placa. –– Vamos
fazer um pedido.
–– Nós não estamos esperando nessa fila –– Normalmente, elas apenas
gritavam seus desejos bêbados no éter tarde da noite, quando elas cambaleavam para
casa depois de saírem do Corvo Branco e a praça estavam vazia.
Bryce verificou o tempo no telefone. –– Você não precisa ir ao comitê? ––
As cinco reuniões do governador, a fortaleza elevada ficava pelo menos quinze
minutos a pé.
–– Eu tenho tempo –– disse Danika, e agarrou a mão de Bryce, puxando-a
através da multidão e em direção ao verdadeiro atrativo turístico do portão.
Destacando-se do quartzo a cerca de um metro do chão, estava o teclado
de discagem: um bloco de ouro maciço embutido com sete gemas diferentes, cada
uma para um bairro da cidade, as insígnias de cada distrito gravadas abaixo
dele. Esmeralda e uma rosa para as cinco rosas de opala e um par de asas para o
CBD. Ruby e um coração para a Praça Velha. Safira e um carvalho para Moonwood.
Ametista e uma mão humana para Asphodel Meadows. Um olho de tigre e uma
serpente para o mercado de carne. E ônix - tão preto que devorava a luz - e um
conjunto de caveiras e ossos cruzados para o Bairro dos Ossos. Sob o arco de
pedras e emblemas gravados, um pequeno disco redondo se erguia levemente, seu
metal desgastado por inúmeras mãos e patas e barbatanas e qualquer outra
maneira de membro. Uma placa ao lado dizia: Toque
por sua conta e risco. Não use entre pôr do sol e o nascer do sol. Os
infratores serão multados.
As pessoas na fila, esperando o acesso ao disco, pareciam não ter
problema com os riscos. Um par de shifters masculinos adolescentes rindo -
algum tipo de felino de seus cheiros - incitaram um ao outro para a frente,
cotovelos e provocações, ousando o outro tocar no disco.
–– Patético ––disse Danika, passando pela linha e pelas cordas com tédio.
Olhando a guarda da cidade - uma jovem mulher Feérica - bem na frente. Ela
pescou um distintivo de dentro de seu casaco de couro e mostrou a guarda, que endureceu
quando ela percebeu quem cortou a linha. Ela nem olhou para o dourado emblema
do arco da lua crescente com uma flecha encaixada nele antes de recuar.
–– Negócio oficial –– Danika declarou com uma voz
irritantemente direta –– Só vai demorar um minuto
Bryce abafou o riso, ciente dos
olhares fixos em suas costas quando elas sairam.
Danika falou aos adolescentes: –– Se vocês não vão fazer isso, então saiam.
–– Eles giraram em sua direção e ficaram
brancos como a morte. Danika sorriu, mostrando quase todos os dentes. Não era uma visão agradável.
–– Puta merda –– sussurrou um deles.
Bryce escondeu seu sorriso também.
Nunca envelhecia - a admiração. Principalmente porque ela sabia que
Danika merecia. Todo maldito dia, Danika ganhava admiração que florescia nos
rostos de estranhos quando avistavam seu cabelo de seda de milho e essa tatuagem
no pescoço. E o medo que faz com que os desânimos nesta cidade pense duas vezes
antes de querer foder com ela e o bando de demônios.
Exceto Philip Briggs. Bryce enviou uma oração para as profundezas azuis
de Ogenas para que a deusa do mar sussurrasse sua sabedoria a Briggs para manter
sua distância de Danika, se ele realmente se libertou.
Os meninos se afastaram e levou apenas alguns milissegundos para que
eles observassem Bryce também. A admiração em seus rostos se transformou em
interesse flagrante. Bryce bufou. Continue
sonhando.
Um deles gaguejou, voltando sua atenção de Bryce para Danika –– Meu
professor de história disse que os portões eram originalmente um dispositivo de
comunicação.
–– Aposto que você ganha todas as mulheres com esses factóides estelares
–– disse Danika sem olhar para eles desinteressada.
Mensagem recebida, eles voltaram para a linha. Bryce sorriu e
aproximou-se do lado da amiga, espiando o teclado. Os adolescentes estavam certos, no entanto. Os sete portões desta cidade, cada conjunto ao longo de uma
linha ley que atravessa Lunathion, foi concebido como um rápido caminho para os
guardas dos distritos se comunicarem séculos atrás. Quando alguém apenas coloca
a mão no disco de ouro no centro do bloco e fala, a voz do usuário viajaria
para os outros portões, um gem iluminando com o distrito de onde a voz se
originou.
Obviamente, era necessária uma gota de mágica para fazê-lo - literalmente
sugado como um vampiro a partir das veias da pessoa que tocando na almofada e uma
cócegas no seu poder, ele se ia para sempre.
Bryce levantou os olhos para a
placa de bronze acima da cabeça. O Portão Quartzo era um memorial, embora ela
não soubesse por qual conflito ou guerra. Mas cada um tinha a mesma placa: o
poder sempre pertencerá àqueles que dão a vida à cidade. Considerando que era
uma afirmação que poderia ser interpretada como estando em oposição ao governo
de Asteri, Bryce sempre ficava surpreso que eles permitiram que os portões continuassem
de pé. Mas depois de se tornar obsoleto com o advento dos telefones, os Portões
encontraram uma segunda vida quando crianças e os turistas começaram a usá-los,
levando seus amigos para os outros portões da cidade para que eles pudessem
sussurrar palavras sujas ou se maravilhar com a pura novidade de um método de
comunicação tão antiquado. Não satisfeitos, vinham fins de semana os idiotas
bêbados - uma categoria na qual Bryce e Danika firmemente pertencia – tornando-se
uma dor no traseiro com seus gritos através do Portões que a cidade havia
instituído horas de operação. E então a superstição muda, alegando que o Portal
poderia fazer desejos se tornar realidade, e entregar uma gota de seu poder era
criar uma oferenda aos cinco deuses. Era besteira, Bryce sabia - mas se isso
fizesse Danika não temer a voz de Briggs liberar tanto, bem, valeu a pena.
–– O que você vai desejar? –– Bryce perguntou quando Danika olhou no
disco, as gemas escuras acima dele.
A esmeralda do FiRo se iluminou,
uma voz feminina jovem chegando até gritar: –– Peitinhos! –– As pessoas riram ao seu redor, o som como água
escorrendo sobre pedras, e Bryce riu.
Mas o rosto de Danika ficou
solene. –– Eu tenho muitas coisas para desejar –– ela disse. Antes que
Bryce pudesse perguntar, Danika deu de ombros. –– Mas acho que vou desejar que
Ithan ganhe seu jogo de sunball hoje à noite. –– Com isso, ela colocou a palma
da mão no disco. Bryce viu como sua amiga se arrepiou e riu baixinho, dando um
passo para trás.
Os olhos caramelo dela brilhavam. –– Sua vez.
–– Você sabe que quase não tenho mágica, mas tudo bem –– Bryce disse,
para não ser superado, mesmo por um lobo alfa.
A partir do momento que Bryce entrou no dormitório no primeiro ano, elas
faziam tudo juntas. Apenas as duas, como sempre seria. Elas até planejaram
fazer o mergulho juntos - congelar em
imortalidade no mesmo fôlego, com membros do grupo de demônios Ancorando-os.
Tecnicamente, não era a imortalidade verdadeira - os Vanir envelheceram e
morreram, causas naturais ou outros métodos, mas o processo de envelhecimento
foi tão desacelerado após a queda que, dependendo da espécie, poderia levar
séculos para mostrar uma ruga. Os Feéricos podem durar mil anos, o shifters e
bruxas geralmente cinco séculos, os anjos em algum lugar no meio. Humanos
completos não fizeram a Queda, pois não possuíam mágica. E comparado para os
humanos, com suas vidas comuns e cura lenta, os Vanir eram essencialmente
imortal - algumas espécies tiveram filhos que nem entraram maturidade até os
oitenta anos. E a maioria era muito, muito difícil de matar.
Mas Bryce raramente pensava sobre onde ela cairia naquele espectro - se
sua herança meio Feérica lhe daria cem anos ou mil. Não importava, desde que
Danika estivesse lá para tudo isso. Iniciando com o mergulho. Elas mergulhariam
mortalmente em seu poder amadurecido juntos, encontrariam o que há no fundo de
suas almas e depois correriam de volta à vida antes que a falta de oxigênio os
tornasse com morte cerebral. Ou apenas completamente morto. No entanto,
enquanto Bryce herdaria poder suficiente para fazer festas legais e truques,
Danika deveria reivindicar um mar de poder que a colocaria ultrapassando Sabine
- provavelmente igual ao da realeza Feérica, talvez até além do próprio rei do
outono. Era inédito, para um shifter ter esse tipo de poder, mas todas os
testes de infância padrão confirmaram: uma vez que Danika mergulhasse, ela iria
se tornar um poder considerável entre os lobos, cujos gostos não haviam visto
desde os dias mais antigos do outro lado do mar. Danika não se tornaria apenas
a Alfa dos lobos de Cressent City. Não, ela tinha o potencial de ser o Alfa de
todos os lobos. Na porra do planeta.
Danika nunca pareceu se importar com isso. Não planejou para ela um futuro com
base nele. Vinte e sete anos eram a idade ideal para fazer o Mergulho, elas
decidiram juntas, depois de anos julgando sem piedade os vários imortais que marcaram
suas vidas por séculos e milênios. Logo antes de qualquer linha permanente ou
rugas ou cabelos grisalhos. Elas apenas disseram a quem perguntou: Qual o sentido de sermos imortais se
tivermos seios flácidos? Idiotas vaidosas,
Fury sibilou quando o explicaram pela primeira vez. Fury, que fez o Mergulho
aos 21 anos, não havia escolhido a idade para ela mesma. Acabara de acontecer,
ou havia sido forçado a ela - elas não sabiam com certeza. A presença de Fury
na CCU foi apenas uma fachada para um missão; passava a maior parte do tempo
fazendo coisas realmente fodidas com quantias nojentas de dinheiro em Pangera.
Ela fez questão de nunca dar detalhes. Assassina,
Danika afirmou. Até o doce Juniper, o fauno que ocupava o quarto lado de sua
pequena praça de amizade, admitiu que as chances eram de que A fúry era uma
mercenário. Se Fury era ocasionalmente empregada pelos Asteri e o fantoche do
Senado Imperial também estava em debate. Nenhum deles realmente pareciam se
importar- não quando Fury sempre ficava nas suas costas quando precisava. E mesmo
quando não precisava.
A mão de Bryce pairava sobre o disco de ouro. O olhar de Danika era peso sob ela. –– Vamos
lá, B, não seja uma covarde.
Bryce suspirou e colocou a mão no bloco. –– Eu gostaria que Danika fosse a uma
manicure. As unhas dela parecem uma merda.
Um relâmpago a atravessou, uma leve aspiração ao redor de sua barriga.
Danika estava rindo, empurrando-a. –– Sua maldita.
Bryce passou um braço em volta dos ombros de Danika. –– Você mereceu
isso.
Danika agradeceu a guarda de segurança, que sorriu com a atenção, e
ignorou os turistas ainda tirando fotos. Elas não falaram até que alcançou a
borda norte da praça - onde Danika iria em direção aos céus e torres cheios de
anjos da CDB, até o amplo Comitê complexo em seu coração, e Bryce em direção ao
Templo de Luna, três quarteirões acima.
Danika apontou o queixo em direção às ruas atrás de Bryce.
–– Vejo você em casa, está bem?
–– Tenha cuidado. –– Bryce soltou
um suspiro, tentando não demonstrar sua inquietação.
–– Eu sei cuidar de mim, B ––disse Danika, mas o amor brilhou nos olhos
dela - gratidão que esmagou o peito de Bryce - apenas pelo fato de que alguém
se importava se ela vivia ou morria.
Sabine era um pedaço de merda. Nunca sussurrou ou sugeriu quem o pai de
Danika poderia ser - então Danika cresceu com absolutamente ninguém exceto seu avô, que era velho demais e se aproximou
para poupar Danika da crueldade de sua mãe.
Bryce inclinou a cabeça em
direção ao CBD. –– Boa sorte. Não irrite muitas pessoas.
–– Você sabe que eu vou –– Danika
disse com um sorriso que não encontrou seus olhos.
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